terça-feira, 9 de outubro de 2012

Selvagens, um Oliver Stone sem brilho

Ricardo Icassatti Hermano

Estava tudo certo para assistirmos - filharada, nora e eu - o filme de ficção científica Looper. Mas, entrou em cartaz o novo filme do diretor Oliver Stone. Havíamos visto o trailer e pareceu promissor. Assim, decidimos mudar e fomos assistir Selvagens. Não foi decepcionante, mas serviu para confirmar a decadência do diretor.


Cartaz do filme

Desde que surpreendeu o mundo com a sangrenta história de Natural Born Killers (Nascidos para Matar), Stone não fez mais nada genial. É claro que os filmes dele são bem produzidos, os elencos são maravilhosos, mas aquele brilho do gênio se apagou. Também ficou evidenciada uma certa, digamos, preocupação do diretor em permear seus personagens com insinuações de homossexualidade.


Eles acharam que poderiam viver um eterno Verão californiano

Foi assim em Alexander, em que ele simplesmente esculhambou com a história de um dos maiores conquistadores da humanidade, ao insinuar problemas "freudianos" na relação do personagem com a mãe e as  consequências em sua masculinidade. Por que ele faz isso? Não sei. Também não sei porque ele fez um filme sobre a vida do ditadorzinho venezuelano Hugo Chavez e se insinuou a mesma homossexualidade com ele. Só sei que está tudo lá nos filmes e ele repete a receita em Selvagens


Oliver Stone tem algum problema com amizade masculina

O enredo é bem simples e vem na onda dos "traffic movies", filmes sobre o mundo do tráfico de drogas. A história é baseada num num acordo pacífico que gerou um triângulo amoroso, considerado "selvagem". Chon (Taylor Kitsch) e Ben  (Aaron Taylor-Johnson) são amigos desde a infância. Chon é um ex-marine que serviu na guerra do Afeganistão e do Iraque. Ben é um botânico budista que desenvolve uma espécie de maconha que tem altíssimo grau de THC, o componente químico entorpecente da planta. 


Se funciona para eles, qual é o problema?

Os dois se relacionam com Ophelia (Blake Lively) , ou simplesmente O, e vivem felizes assim, vendendo maconha num eterno Verão californiano. A partir desse trio, vão se estabelecendo outros triângulos interdependentes, uns mais perigosos que outros. Assim temos o segundo triângulo formado por grupos: o dos garotões; o policial corrupto, interpretado pelo John Travolta; e a quadrilha de traficantes mexicanos que estão de olho na maconha super potente. Entre os mexicanos, o assassino estúpido Lado, vivido por Benicio Del Toro, que se dá muito bem nesses papéis e deveria se limitar a isso. 


Del Toro ainda usando a peruca de lobisomem do outro filme

Aí o bicho começa a pegar, porque traficante não quer nem saber. O que manda é a violência e a capacidade de infligir dor, sofrimento e mortes. E nisso, as máfias mexicanas estão fazendo escola. Nem o Exército mexicano está dando conta de segurar os caras que são atualmente os mais escrotos do planeta. Mas, no filme, eles até são bem organizados e comandados por uma mulher, viúva do antigo líder. Essa mulher, Elena, é ninguém menos que a sempre e cada dia mais linda Salma Hayek


Elena ensina a O as obviedades da vida e como ser mais linda

Falando nisso, a loirinha O parece ser muito mais velha que Elena, quando são colocadas lado a lado. Tem uma cena em que as duas  conversam enquanto jantam. É o melhor diálogo do filme. Mas, voltando ao enredo, os garotões não aceitam a oferta do cartel mexicano e a garota deles é sequestrada. Entre os dois amigos logo surge uma diferença básica. Enquanto o budista Ben acha que sempre há espaço para negociação e bom senso, Chon é mais realista e sabe que com traficante não há diálogo e quer botar para quebrar. 


Para sobreviver, você tem que ser pior que os piores

Ainda bem que prevalece a visão de Chon sobre o problema e como solucioná-lo e aí o filme fica bom, mas não excepcional. É o "bom" de qualquer filme medianamente bem feito. Nada que um estudante de cinema e fã do Quentin Tarantino não fosse capaz de fazer. O filme não é ruim, mas fomos assistir esperando muito mais. Afinal, tem a grife Oliver Stone. Em todo caso, vale o ingresso. Veja o trailer: 


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