quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Conan, nem tão bárbaro assim

Ricardo Icassatti Hermano

Sou fã de histórias em quadrinhos, ou como se chamava na minha infância, gibis. Também era um devorador de livros. Gostava das histórias fantásticas cheias de aventuras mirabolantes, como as do Simbad o Marujo

Olhem a cara do Simbad ...

Quando conheci os gibis, vi que tinham esse mesmo apelo e viciei. Comecei como todo mundo com os gibis da Disney. Mas, logo enjoei daquilo. Eram muito infantis. Preferia as traquinagens dos Sobrinhos do Capitão. Como eram malvados e criativos aqueles moleques.

Esses dois moleques foram minha inspiração na infância : )

Logo conheci Tarzan e Flash Gordon. Nunca fui muito ligado em super herois cheios de super poderes. Gostava mais dos herois que resolviam as paradas com a inteligência e porrada. Claro que li Super Homem, mas eu lia qualquer coisa que me caísse nas mãos. Até bula de remédio. 

Nessa área de super herois fiquei apenas com Homem Aranha e Hulk. Mas, era por causa dos desenhos animados na tevê. No gibi, também larguei cedo. Outro que eu gostava bastante era o Batman, sem o Robin. Prefiro sempre a Mulher Gato. As novas versões mais soturnas e enlouquecidas do homem morcego são as que mais gosto.

Miau ...

Mais tarde, conheci Conan, o Bárbaro. Esse me acompanhou mais tempo, junto com as maravilhosas Heavy Metal, Druna, Milo Manara etc. Era um universo fantástico que ia da antiga Ciméria até o futuro da ficção científica, sempre carregado de muito erotismo, claro.

O Conan sabia viver

Conan era o esculacho total. Ladrão, pirata, brigão, beberrão, mulherengo, mercenário e aventureiro. Sempre às voltas com feitiçarias e monstros, pegava as maiores gatas e promovia verdadeiros banhos de sangue. Um currículo que matava de inveja qualquer adolescente que, como eu, sonhava com muitas aventuras desde a infância. 

Nada como um banho de sangue para abrir o apetite logo cedo

Eu tinha uma coleção de gibis do Conan, os normais e as edições especiais desenhadas por craques como o ilustrador Frank Frazetta, que foi quem criou a "cara" definitiva do cimeriano. Frank era um artista fenomenal. Morreu aos 82 anos de idade em maio do ano passado. Dizem que quando viu Arnold Schwarzenegger caracterizado como o bárbaro para o filme, levou um susto e, tal qual Michelangelo, disse: "Ele é o Conan".

O cara nasceu para fazer o Conan

Essa coleção foi aos poucos surrupiada pelos meus filhos, que também se tornaram fãs do Conan. Assim, não pudemos deixar de assistir a nova versão do cimério no cinema, dessa vez interpretado pelo ator Jason Momoa, que já trabalhou em um seriado de ficção científica chamado Stargate Atlantis e, mais recentemente, em Game of Thrones, onde fez o papel de um rei igualmente bárbaro, Khal Drogo.

Não basta ter peitão. Tem que ter alma de bárbaro

O que posso dizer? Não faltaram músculos. O enredo é interessante. Mas, faltou direção que entendesse a alma do Conan. Um bárbaro cimeriano não faz firulas com a espada como se fosse um Neymar. Se o diretor tivesse lido os gibis e assistido o filme com Schwarzenegger, saberia disso e que a única estratégia do cimeriano é matar tudo o que estiver diante dele.

Cimeriano fala pouco e bota pra quebrar

O novo Conan não pragueja, não farreia com a mulherada, não bebe até cair com a cara no prato de sopa e só falou o nome do deus Crom uma ou duas vezes. Todo mundo sabe que nas 10 falas que o Schwarzenegger teve, em nove ele diz: "Crom!!!" Em alguns poucos momentos, ele lembra a "finesse" do original, tem uma mulherada bonita, mas como é que num filme do Conan a única bunda mostrada é a dele? Por Crom!!!

A arte refinadíssima de Frank Frazetta

Outra coisa é o excesso de digitalização. Tudo bem que ajuda em algumas coisas, mas nesse filme até o sangue é digital. Assim não dá!!! Esse Conan elaborado não colou. Pelo menos para nós. Como meus filhos disseram, até o chef Gordon Ramsay seria mais convincente nesse papel. Vejam o trailer.


2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeita a sua crítica! Também compartilhei da mesma impressão. Não é que o filme seja ruim, mas o Conan do filme poderia ter qualquer outro nome, que não mudaria nada! As firulas com a espada, a paixão entre o mocinho e a mocinha e até mesmo a busca da vingança pela morte do pai, tudo isso é totalmente anti-Conan. Outra falha foi o tempo extremamente breve que o Conan do filme levou para encontrar seu amigo ladrão em Zamora até chegar na fortaleza onde a mocinha estava presa. Quem conhece o mapa do mundo de Howard sabe que as distâncias são imensas... O vilão da história ficou esse tempo todo tomando hidromel, esperando o Conan chegar? E outra: a primeira "encarnação" de Conan é como ladrão (ex: a famosa história do deus elefante, mencionada no próprio filme). Por quê ele precisou da ajuda do outro ladrão para conseguir entrar na fortaleza então? O único que lembrou um pouco o universo de Howard foi o monstro cheio de tentáculos. O filme poderia ter tido qualquer outro título, menos Conan, o Bárbaro. Decepcionante! Um abraço e bom café!

Guitardo disse...

Asssisti a esse filme e só não fiquei mais decepcionado pq o ingresso do cinema não fui eu quem pagou.
O enredo me pareceu um amontoado de fragmentos de várias histórias diferentes do Conan, e , parece que eles disseram:
"ah, beleza, faz um retalho com tudo isso e monta esse filme."
Não curti. Ficou devendo.