terça-feira, 16 de agosto de 2011

Super 8


Ricardo Icassatti Hermano

Juntei a filharada e fomos almoçar. Fazia algum tempo que não sentávamos para conversar à toa. Em seguida, fomos assistir o recém-lançado Super 8, filme dirigido pelo diretor J. J. Abrams (Lost) e produzido por ninguém menos que Steven Spielberg, que dispensa qualquer apresentação. 

 Cartaz do filme

O filme é bom. Tem a cara do Spielberg e nada do J. J. Abrams, apesar de ser o autor do roteiro. O problema é que o J.J. está querendo entrar na área de direção de filmes após uma longa e bem sucedida carreira de produtor executivo de seriados para televisão. Deve ter sido picado pela mosca do cinema e agora quer migrar.

 Steven Spielberg e J.J. Abrams ... saia justa

Começou buscando a ajuda de Spielberg, o que é louvável. Mas, o filme acabou parecendo que foi dirigido pelo criador do eterno E.T. Ficou tão "spielberguiano" que numa das entrevistas que assisti, J.J. passou muito tempo tentando explicar que o filme não era uma homenagem ao Spielberg ...

 Garotos enfrentando os perigos da vida

Ficar com as impressões digitais de um diretor desse nível, não desmerece o filme. Deixa o J.J. Abrams com cara de bobo, mas eu não vou ao cinema preocupado com o ego do diretor. E o filme ficou muito bom. Espero que tenha aprendido algo, porque está sendo anunciado que ele vai produzir as continuações de Cloverfield e Star Trek. O primeiro é uma bosta mesmo, mas o segundo é bom ele tomar muito cuidado. Os fãs não vão perdoá-lo jamais se pisar na bola.

O Super 8 é um daqueles filmes que marcam os pré-adolescentes. Lembra o clássico Goonies e o próprio E.T., onde crianças fazem a transição da infância para a pré-adolescência através de ritos modernos de iniciação e passagem. Mas, como todo rito desse tipo, sempre tem muita dor envolvida. Neste filme, há morte, amizade, ficção científica e o despertar do primeiro amor.

 Garotada cresce, amadurece, sofre, muda

Segundo o próprio diretor, o núcleo do filme é justamente essa relação entre o garoto Joe Lamb, interpretado por Joel Courtney, e a linda garota Alice Dainard, vivida por Elle Fanning. Você também vai dizer: "já vi esse rosto em algum lugar". E viu mesmo. Elle é a a irmã mais nova de outra atriz mirim, a Dakota Fanning, que já cresceu.

 Essa dupla tem talento e ainda vai fazer muito sucesso

Aliás, que irmãs talentosas. A Elle dá um show de interpretação. Preste atenção na cena em que ela ensaia uma cena para o filme de zumbis que os meninos estão fazendo. Fica muito claro o poder de fascinação que uma boa interpretação exerce sobre nós, os espectadores. E para isso é preciso talento.

 Essa garota tem tudo para ser uma grande atriz

A história não traz novidades. É muito parecida com a do E.T. Aqui também temos um extra-terrestre querendo voltar para casa. Mas, dessa dessa vez, o alienígena não é bobinho. Serão os novos tempos de violência? Não há mais espaço para a ingenuidade de um extra-terrestre bonzinho e indefeso?

 Deve ser bom viver num país civilizado ...

Um grupo de garotos inquietos e criativos está fazendo um filme em bitola Super 8, daí o nome do filme. Os pais desajustados, alienados e sem noção também estão lá. Militares malvados igualmente. Enquanto filmavam um curta de terror (zumbis) para participarem de um concurso, testemunham um acidente de trem. Num dos vagões, a criatura extra-terrestre que passa a aterrorizar a pequena cidade do interior.

 Um acidente é o ponto de mudança na vida dos garotos

Para quem não viveu a era pré-digital, o Super 8 era o meio caseiro de filmar. Eram filmes de três minutos que precisavam ser enviados  a São Paulo para serem revelados, mas podiam ser colados e exigiam destreza no manejo do projetor. Era um processo demorado até que fosse possível assistir alguma coisa. Hoje fazemos isso num telefone celular e é instantâneo. 

Esse é um modelo típico da câmera Super 8 

Tínhamos todo o equipamento em casa, pois meu pai era um aficionado por filmagem. Filmei bastante, mas como não tínhamos uma indústria cinematográfica no Brasil, também não tínhamos o conhecimento e a cultura do cinema. Assim, não cheguei a fazer um filme, tecnicamente falando. Mas, temos todas as corridas de moto que meu irmão Bily participou, a primeira corrida de moto realizada em Brasília e outras preciosidades.

Esse amor pelo cinema foi transmitido aos meus filhos, que hoje contam com a facilidade dos computadores, das câmeras digitais e dos softwares de edição. Além do maior conhecimento sobre o processo industrial e criativo do cinema. Viva a internet! 

O filme é excelente, a garotada arrebenta na interpretação e demos boas risadas. Diversão garantida para toda a família. Veja uma pequena amostra com o trailer abaixo.


Nenhum comentário: