terça-feira, 10 de maio de 2011

Broken Heart's Brodo - Capítulo 8


Ricardo Icassatti Hermano

A minha, a sua, a nossa Blog-Novela Broken Heart's Brodo está chegando ao final. Um barista-torrefador americano teve um insight e criou um belo movimento entre torrefadores de cafés especiais que mereceu minha atenção. Especialmente uma frase dele para explicar a ideia que dizia o seguinte: "A cooperação é a competição do século 21".

Foi o que me inspirou para escrever junto com as leitoras e leitores do Café & Conversa essa Blog-Novela. Tudo ficou mais fácil com as redes sociais. Estamos todos conectados e unimos nossas inteligências. Tem sido uma experiência realmente fascinante e enriquecedora sob todos os aspectos. Espero que todos que colaboraram com essa empreitada tenham tirado proveito também.

Criar algo é sempre muito bom e todos somos criativos em alguma medida. Todos têm boas ideias, excelentes sugestões e críticas construtivas, mesmo que não tenham a história completa na cabeça. E todas as contribuições recebidas foram aproveitadas, mesmo aquelas que não entraram diretamente na trama. Ajudaram chamando atenção para outras sacadas geniais e, quem sabe, para uma próxima Blog-Novela.

Estava previsto que a Broken Heart's Brodo teria 10 capítulos, mas terá nove. A história já deu o que tinha que dar. Mais um capítulo exigiria de mim algo que não faço e nem sei fazer: encher linguiça. Nem as leitoras e leitores do Café & Conversa merecem isso. Assim, na próxima sexta-feira, chegaremos à conclusão dessa eletrizante história de ...? Vocês decidem.

Continuem enviando suas críticas, sugestões, dicas, opiniões, observações e o que mais tiverem por aí : ) Como sempre, serão todas muito benvindas. Agora, parem de roer as unhas, relaxem, preparem uma caneca de café, liguem o som com a nossa trilha sonora e divirtam-se com mais um capítulo da Blog-Novela Broken Heart's Brodo.



Broken Heart's Brodo
Capítulo 8

O encontro marcado sofreu um atraso. Raffaello teve que fazer uma viagem rápida para auxiliar uma amiga em apuros. Nada complicado, mas tiraria um dia dos poucos que teria para ficar com Carmem. Mas, ele não era do tipo que abandona os amigos. Ela ficou um pouco chateada, mas pareceu entender a urgência da situação.

Raffaello estava ansioso. Vinha se esforçando muito para recuperar a magia perdida. Ele não deixara de amar Carmem e, somente por isso, mantinha aquele sentido de urgência de quem sabe o quanto valia cada segundo ao lado dela. O amor tem dessas coisas.

Ao falar com Carmem pelo telefone, sentiu que seria possível. Aquilo o deixou mais tranquilo, mas a sua intuição buzinava lá no fundo dos seus pensamentos, como um alarme de carro disparado sem motivo aparente. Ele empurrou a intuição para o lado e ignorou o alarme.

Foram dois dias maravilhosos. Cozinharam juntos, brincaram, dançaram, não dormiram, se amaram e se entristeceram na despedida. Pela primeira vez, Carmem deu sinais de que já não estaria tão "emocionalmente indisponível" assim. Fazia planos para o futuro incluindo Raffaello. Mas, - e sempre tem um "mas" - na despedida ela falou algo que fez aquela rachadura estalar.

- Deve ser bom ser você, né?

Raffaello quase engasgou com o sanduíche que acabara de morder. Aquela frase bateu com a força de uma marreta, pela quantidade de insinuações que continha.

- Como assim?

- Você não tem problemas, é todo resolvido.

- É claro que tenho problemas, tenho conflitos internos como todo mundo. Eu apenas lido com eles de outra maneira. Não fico me debatendo inutilmente.

- É, mas parece que você tem tudo o que precisa, a vida toda arrumada, sem maiores preocupações.

- Minha vida é tranquila sim, do ponto de vista financeiro. Sem extravagâncias. Mas, a vida não se resume a isso. Se dinheiro bastasse, os ricos jamais ficariam tristes, infelizes ou com depressão e teríamos bilhões de deprimidos desesperados do outro lado.

- Eu sei ...

- Mesmo que às vezes seja inevitável discutirmos alguns problemas, prefiro aproveitar meu tempo com você, fazendo outra coisa que não seja discutir meus conflitos e problemas. Para isso, tenho tempo de sobra. Alguns eu resolvo rapidamente, outros levam mais tempo e uns poucos não têm solução mesmo e então estão solucionados. E se eu precisar, como já precisei, procuro ajuda profissional.

- Talvez eu não devesse conversar sobre tudo com você. Deixar alguns assuntos para a minha terapia.

- Não disse isso. Você pode conversar sobre qualquer assunto comigo. A diferença é que em alguns assuntos, a sua terapeuta poderá ajudar e eu não. Eu só prefiro aproveitar melhor o nosso tempo juntos. É uma escolha e nós somos o resultado da soma de escolhas que fazemos ao longo da vida. Além disso, o nosso bem mais precioso é o tempo. Não é dinheiro, não é casa, não é carro, jóia, nada disso. O tempo não para e não volta. O segundo que acabou de passar, já foi e não volta. Se você viveu bem esse último segundo, ótimo. Se viveu mal, não dá para voltar e tentar melhorar ou evitar erros cometidos. O segundo que ainda virá, não temos como saber o que acontecerá. O segundo que estamos vivendo é o que realmente importa. Vamos vivê-lo da melhor maneira possível. O que vale é o daqui pra frente. E o tempo que passo ao seu lado é precioso.

Carmem e Raffaello se despediram. Ele voltou para casa com a sua intuição buzinando cada vez mais alto. E dessa vez não deu para ignorar. Até porque a rachadura voltou a crescer. A magia que parecia ter retornado, agora parecia apenas um sonho difícil de lembrar. Ficam apenas umas poucas imagens soltas na memória, sem nenhum significado.

Dias depois, conversando pela internet, Carmem retomou o assunto. Dessa vez, de forma agressiva, voltou a dizer que não deveria conversar certos assuntos com Raffaello. Dessa vez, com absoluta calma, ele concordou. Paciência tem limite e Carmem não tinha medidas. Estava usando um tom que ele não aceitava de ninguém. E muita gente já havia se arrependido amargamente de usar esse tom com ele.

- Precisamos conversar - disse Carmem.

- Seria muito bom. Sobre o que você quer conversar?

- Na próxima semana está bom?

- Está ótimo. Mas, sobre o que você quer conversar?

- É melhor conversarmos pessoalmente. Assim pela internet não é bom.

- Se for o que estou pensando, não tem necessidade de um encontro. Desde o início, nunca precisamos dessas formalidades.

- Vamos conversar na próxima semana. É melhor.

- OK. Boa noite então.

- Boa noite.

Raffaello desligou o telefone se sentindo o mais tolo dos homens, mas preferiu não insistir. Na semana seguinte, Carmem agiu de maneira completamente diferente do que estavam acostumados. Ligou para Raffaello e pediu que a encontrasse numa confeitaria.

- Oi Carmem.

- Oi Raffaello.

- Por que você veio para cá?

- Achei melhor. Podemos tomar café da manhã aqui.

- Tudo bem.

Conversaram sobre vários assuntos enquanto tomavam o café da manhã. Ao final, Raffaello tomou a iniciativa.

- Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem. Mas, não viemos aqui para isso. Sobre o que você quer conversar tão seriamente?

- Podemos ir para outro lugar? Aqui está muito cheio e não quero ninguém ouvindo a nossa conversa.

- É, parece que o assunto é sério mesmo. Podemos ir a qualquer lugar. Onde você quer ir?

- Escolhe um lugar ...

- Já sei. Tenho o lugar ideal.

Raffaello já sabia tudo o que iria acontecer dali em diante. Escolheu a cafeteria onde começara a "relação" dos dois e resolveu levar até o fim aquela encenação adolescente de Carmem. Acelerou o carro e, mais adiante, parou no sinal vermelho. Olhou para Carmem, que mantinha o olhar fixo à frente. Ele esperou um pouco, mas ela estava claramente evitando olhar para ele.

- Sabe que desde que nos encontramos, ainda não ganhei um beijo?

Carmem se virou com um sorriso amarelo e o beijou rapidamente. Em seguida, voltou o olhar para a frente e lá ficou. Ele voltou a olhar para ela e não viu mais beleza naquela mulher. De repente, o carro ficou pequeno demais. O ar ficou ficou pesado demais para respirar.


E agora, leitoras e leitores do Café & Conversa? Que assunto tão sério terá Carmem para conversar com Raffaello? Será? Eu sei o que vocês estão pensando. Não se precipitem. Muitas coisas podem acontecer no próximo capítulo. Inclusive nada. Pensem com cuidado, respirem fundo e enviem suas sugestões. Delas poderá sair o desfecho dessa intrigante Blog-Novela.

E como diz o Romoaldo todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, em nosso quadro na CBN Recife: Um abraço! Bom café!

5 comentários:

Clara Favilla disse...

O caso de Rafaello e Carmen caminha para o inexorável fim. O intrigante é que, neste capítulo, os demais personagens da blognovela desapareceram.
Parece que o vão que se alarga entre os amantes tragou tudo em volta deles.
Espero explicações no último capítulo.
Beijos

Nora disse...

Kassatti,

quero o telefone de Raffaello....ele é o cara!! (rs)

Anônimo disse...

Por mais que eu tentasse, não consegui controlar minhas análises que foram, e são,desfavoráveis a Carmén.
Por isso, tenho um recado para o Rafa: ô rapaz, sai dessa. A fiça anda. Há outras à tua espera.
Memélia

Marven disse...

"Ele voltou a olhar para ela e não viu mais beleza naquela mulher." Essa foi a parte mais tocante pra mim...

A vida é mesmo assim ou não. Existem aqueles que se apaixonam muitas vezes pela mesma pessoa - e isso é uma sorte! Uma sorte que só desfruta quem com relacionamentos longos e saudáveis.

Não é o caso, penso eu. A Carmem é doente - tem transtorno bipolar. Precisa continuar se tratando. O Raffaello é mais são - merece voar pra respirar outro ar. Lembrar do que ficou pra trás e foi bom, pode ser um bom recomeço pra ele. Sempre é quando não se sabe ao certo por onde começar.

Espero que ela não esteja grávida, hein? (risos)

Marven

Cristina Lopes disse...

Que pena, a novela vai acabar. Estou adorando Carmem e Raffaello.