sábado, 4 de setembro de 2010

Arroz Americano e o Pai da Força Aérea Americana


Ricardo Icassatti Hermano

Todo movimento de resistência começa com um indivíduo que percebeu "onde ia dar aquela merda". Geralmente, pagam um alto preço por isso porque os acomodados e mal intencionados não querem saber de mudança em seus feudos. É claro que a mudança acaba vindo. É inevitável, mesmo sob as mais sangrentas ditaduras. Mas, a perseguição é implacável. É preciso destruir completamente quem enxergou o que estava errado.

Esses indivíduos que deram início a mudanças foram os primeiros a resistir. Depois de mortos, se tornam herois, modelos a serem seguidos e coisas do gênero. Mas você acha que eles pensavam nisso, que queriam ser homenageados e laureados num futuro inexistente? Não, eles resistiram porque era a coisa certa a se fazer. Por isso pagaram um alto preço.

Os acomodados são extremamente incompetentes e isso ajuda muito no movimento de mudança. É muito fácil desmascará-los. Mas, para isso é preciso haver o sacrifício de um, o primeiro a enxergar, falar e denunciar. Hoje, a nossa história de resistência vem dos Estados Unidos. Um indivíduo que percorreu todo o percurso descrito acima e, hoje, é saudado como o "Pai da Força Aérea Americana".

O nome deste homem é William Mitchell (1879 - 1936), ou como era mais conhecido, Bill Mitchell. Ele lutou na Primeira Guerra Mundial como piloto daqueles aviões com estrutura de madeira e asas duplas recobertas com lona. Ganhou todas as condecorações possíveis por bravura em combate. Na França, comandou todas as unidades aéreas ali baseadas.

William Mitchell, um verdadeiro heroi americano

Após a guerra, foi nomeado diretor do Serviço Aéreo. Naquela época, não existiam forças distintas. Aviões, navios e tropas terrestres estavam sob o comando único do Exército Americano, que respondia ao Ministério da Guerra. Bill Mitchell era um estudioso competente da aviação e estrategista brilhante. Ele percebeu que os aviões seriam a grande arma nas guerras futuras.

Tentou de todas as maneiras alertar seus superiores para a necessidade de investimentos na área e a fragilidade da defesa americana no caso de um ataque aéreo de grandes proporções. Passou anos enviando correspondência a militares e parlamentares. Mas, após a guerra, os herois deram lugar aos corruptos. Como vocês sabem, a corrupção é coisa de frouxo, bajulador, tapado e incompetente. Os aviões utilizados na guerra ainda estavam na ativa e ninguém queria saber de investir no seu desenvolvimento e segurança.

Muitos pilotos morreram vítimas da corrupção

Além disso, Mitchell também defendia a divisão das Armas em Exército, Aeronáutica e Marinha. Via nisso - e estava certo - um grande ganho logístico e estratégico. Mas, os corruptos queriam manter o controle unificado porque era mais fácil roubar e os ganhos também eram maiores. As críticas o levaram a atritos com superiores, o que o levou a perder a patente de General e foi rebaixado para Coronel.

O resultado é que após anos de tentativas frustradas, Mitchell assistiu um grande amigo morrer num avião que não tinha segurança suficiente e seus superiores haviam sido alertados disso. O piloto foi obrigado a levantar vôo naquele avião e foi direto para a morte. Mitchell procurou a imprensa e deu uma entrevista bombástica, denunciando o sucateamento dos aviões, a insegurança dos pilotos e expôs as suas ideias. Ele sabia que caminhava para o cadafalso, mas não havia outra coisa a ser feita senão a certa.

O Exército Americano abriu um processo contra o então Coronel e o levou à Corte Marcial sob a acusação de "traição". O julgamento ficou famoso e envolveu até o presidente dos Estados Unidos, John Calvin Coolidge. Em 1955, Gary Cooper interpretou Bill Mitchell num filme que chegou a ser indicado para o Oscar na categoria de Melhor Roteiro. O nome do filme é The Court-Martial of Billy Mitchell, o mesmo nome que recebeu no Brasil.

Nesse julgamento, Mitchell foi humilhado, espezinhado, mal tratado, ofendido, teve seu direito à defesa solapado e terminou expulso do Exército. Resumindo, uma palhaçada lamentável. Durante o julgamento, o promotor fez o Coronel parecer um louco por ter previsto que os aviões um dia quebrariam a barreira do som e que no futuro os Estados Unidos sofreriam um ataque aéreo em Pearl Harbor e que os aviões estariam sendo pilotados pelos japoneses. Ele já havia feito testes e simulações.

Mitchell durante seu julgamento na Corte Marcial

Well, acho que não preciso dizer mais nada. Após a sua morte e todos os eventos posteriores, William Mitchell foi promovido pelo presidente Franklin Roosevelt a Major General e recebeu um monte de honrarias, claro. Além disso, é a única pessoa a ter seu nome em um modelo de avião de combate, o bombardeiro B-25 Mitchell. Esse caso nos mostra que, infelizmente, os tapados só aprendem tomando na cabeça ...

Os uniformes de Mitchell estão expostos no
Museu Nacional da Força Aérea Americana

É preciso ressaltar que esse heroi americano jamais, vou repetir, JAMAIS participou de um seminário sobre planejamento estratégico e visão de futuro. Quem precisa participar desse tipo de evento, nunca teve, não tem e não terá JAMAIS a capacidade de pensar estrategicamente ou ter visões do futuro.

A receita de hoje - sempre com arroz - é em homenagem a Bill Mitchell, um homem que decidiu fazer o que entendeu ser o correto, resistiu bravamente e deu início a um movimento que inspirou a criação da maior força de combate aéreo do mundo, a Força Aérea Americana.

Arroz Americano
8 porções

Ingredientes

- 2 copos americanos de arroz cru
- 2 ovos mexidos
- 1 lata de ervilhas
- 2 tomates picados sem as sementes
- 2 cebolas bem picadas
- 3 colheres sopa de cheiro verde picado
- 200 g de presunto cortado em pequenos cubos
- 10 azeitonas verses picadas
- 1 tablete de caldo (carne, galinha ou legumes)
- 1/2 copo americano de óleo de Canola
- 2 colheres sopa de manteiga
- 5 copos americanos de água fervente
- Sal a gosto
- 2 colheres sopa de Parmesão ralado

Preparo

Dissolva o tablete de caldo na água fervente. Acrescente todos os demais ingredientes e misture bem.

Passe tudo para um refratário e polvilhe com uma colher sopa de Parmesão ralado. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por 40 minutos em temperatura MÉDIA.

Retire o papel alumínio e volte ao forno por mais 10 minutos.

Retire do forno e polvilhe com outra colher sopa de Requeijão ralado. Sirva imediatamente. Acompanha bem carne assada e churrasco.

Ninguém passa fome na Trincheira da Resistência

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