quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Música do Dia - Foi na Travessa da Palha - Lila Downs


Romoaldo de Souza


Qualquer turista desavisado chega em Portugal e é cercado por guias querendo contar a história dos nossos colonizadores, as guerras que enfrentaram e a história, ou as várias versões da história do Fado. Para uns é um estilo enfadonho de cantar, para outros - para muitos, aliás - é um encantamento. Canto de fadas.


Quadro "O Fado" (1910), de José Malhoa

O Fado se popularizou pelas ruas de Lisboa a partir do século 16. Em Os Lusíadas, Camões cita o Fado 18 vezes. Popularmente, nas ruas de Portugal, corre a versão de que o estilo musical teve origem nas canções dos Mouros, que ocupavam a Mouraria, bairro da capital, Lisboa.


Melancolia, ingenuidade, e mais tarde, sensualidade, são palavras que marcam, ao longo dos tempos, a letra dos Fados e a forma como é cantado. Como nesse filme de Carlos Saura.




O Fado também teve origem no Lundu, importado da África portuguesa, mesclado com danças angolanas que ao longo dos tempos foi ganhando características próprias.


Essa homenagem que a gente presta hoje, aqui, no Café & Conversa ao Fado, pode muito bem ser acompanhada dessa receita de bacalhau português que já deixamos como sugestão. Vai que você faz o bacalhau, a gente leva uns Fados aqui da redação e vamos todos curtir Brasil X Portugal nesta sexta-feira. Sem vuvuzela, é claro. Que tal? Eu torço pelo Cristiano Ronaldo. Se a escolha for o quesito da "buniteza"!


Ah, antes que eu esqueça, Foi na Travessa da Palha está sendo apresentada hoje, por Lila Downs, cantora mexicana, autora de músicas de sucesso no país dela, mas que se popularizou cantando temas folclóricos em varias culturas como mixteca, apoteca, maia e nahua. Fiquem agora com "Foi na Travessa da Palha".


Foi Na Travessa da Palha


Foi na Travessa da Palha

Que o meu amante, um canalha,

Fez sangrar meu coraçao:

Trazendo ao lado outra amante

Vinha a gingar petulante

Em ar de provocaçao.

Na taberna de friagem

Entre muita fadistagem

Enfrentei os seus rancores,

Porque a mulher que trazia

Com certeza nao valia

Nem sombra do meu amor.

A ver quem tinha mais brio

Cantamos ao desafio

Eu e essa qualquer.

Deixei-a perder de vista

Mostrando ser mais fadista

Provando ser mais mulher.

Foi uma cena vivida

De muitas da minha vida

Que nao se esquecem depois,

Só sei que de madrugada

Após a cena acabada

Voltamos para casa os dois.




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