segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Música do Dia - A Música Cigana


Romoaldo de Souza

Fazia um sol danado. Dia de feira. Todo sábado era dia de feira no sertão. Os cavalos, jumentos, carroças. Carros de bois! Parecia uma metrópole de tanto trânsito. A cidade estava efervescendo. Luiz Gonzaga estava chegando.

O Rei do Baião estava em Carnaíba, no sertão do Rio Pajeú, para prestar uma homenagem a Iolanda Dantas, a mulher de Zé Dantas, um dos mais expressivos compositores das músicas cantadas por Lua, como Luiz Gonzaga era chamado.

Enquanto tomava uma pinga, na "budega" de Mané Istógio, Luiz Gonzaga se deu conta que a acordeom estava desafinada. Pronto! Foi aquele corre-corre. Até que Isaura, uma elegante costureira da cidade, lembrou-se de dizer a Gonzagão que Seu Lixandre sabia afinar sanfona.

- Dizem, por aí que o hômi tem ouvido de tuberculoso, brincou.

- Vá chamar esse cabra que eu tô precisando dele, como um pagão precisa de água benta - disparou Luiz Gonzaga.

Calmo. Sereno. Todo alinhado, vestindo um terno branco. Alpercata de coro cru.

- Alexandre Mariano às suas ordens - disse, do alto dos seus 1,79m. Magro, chapéu Prada novinho em folha na mão.

- Preciso que você dê uma olhada nessa danada. Parece desafinada.

Meia hora depois, Alexandre Mariano chegou com a sanfona, fazendo uma escala cromática e puxando para uma harmonia que deixou Luiz Gonzaga de queixo caído.

Alexandre Mariano tinha chegado ao sertão de Pernambuco ainda adolescente, fugindo da perseguição aos ciganos do Leste Europeu. Luiz Gonzaga era um artista em ascendência. Foi a primeira vez que se viram. O músico de Exu e o cigano romeno.

Outras vezes se encontraram. Chegaram a tocar juntos numa festa de Santo Antônio, se não me engano em 1964. Foi a última vez que se encontraram.

Mas com os ciganos é assim mesmo. Não têm muita vontade de se encontrar tanto com as mesmas pessoas. São nômadas, são viajantes. Andarilhos. Assim era Alexandre Mariano, de quem me lembrei para prestar uma homenagem ao Dia Nacional dos Ciganos, comemorado ontem. Mas com essa correria toda e o Dia Nacional do Café, deixei para falar desse assunto somente hoje.

Falando em andarilhos, acho que nossas canecas estão se tornando nômades. Andantes. Agora mesmo, eu soube que uma delas, passeou pelos principais pontos turísticos de Recife. A "Veneza Brasileira". A capital de Pernambuco, de onde veio Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

A leitora, Ana Paula Figueirêdo topou o seguinte desafio. Ela ganhou uma caneca do Café & Conversa, mas tinha que sair a passear. Pelo Morro da Conceição, as pontes no Capibaribe, Recife Antigo, o Teatro, o Marco Zero.

Eu vou contar, juntamente com Ana Paula essa história pelas ruas de Recife, "Na Madalena revi teu nome ... Rua da Aurora, vou caminhar... Pelas ruas que andei, procurei, procurei" como diz o poeta Vicente Barreto.

As meninas, Natasha e Simone, que se cuidem.
Dessa caneca não abro mão.


Vocês vão ver a cara das meninas, quando me virem com
a caneca do Café & Conversa... Ai, ai, ai!!!


Lógico que as meninas, Natasha e Simone, não iam perder a
oportunidade de serem clicadas com a caneca mais desejada do Brasil.
Mas cuidado, meninas! Ana Paula ama essa caneca!

Espinheiro, Zona Norte de Recife, 9h45. A cidade ferve. Recife ferve. 30º. Ana Paula coloca uma mini-saia jeans, uma blusa preta. Óculos, dinheiro na bolsa e a caneca do Café & Conversa na mão. É o começo de uma história de amor entre uma futura jornalista e a caneca tão cobiçada.

Ana Paula quer fazer inveja às colegas de faculdade. Vai direto ao Derby, um bairro onde está a Faculdade Maurício de Nassau.

Na porta da escola, no centro de Recife, a caneca filosofa em latim: veritas! É tudo verdade!

Amanhã! A caneca do Café & Conversa sai da faculdade e vai ao Morro da Conceição, um dos pontos de maior concentração de fiéis da linda e encantadora Recife.

Antes, porém, vou deixar uma música cigana para deliciar o seu dia e marcar nossa data.



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