domingo, 14 de março de 2010

Glauco, Geraldão e o adeus


Ricardo Icassatti Hermano

A morte do cartunista Glauco foi praticamente um atentado a bomba, um massacre, um genocídio. Porque junto com ele e seu filho, morreram também as suas criações. O assassino matou Geraldinho, Geraldão, Dona Marta, Casal Neuras e outros tantos a quem Glauco deu vida, forma e voz. Além das charges sensacionais, é claro.

Humor direto como um soco na boca

Geraldão era o meu personagem favorito. Um sujeito completamente imaturo, alucinado, sem noção, sem solução, voraz consumidor de tudo, hiperativo e em eterno conflito com a mãe não menos sem noção, que só cortava a onda dele. Andava pelado pela casa e só fazia sexo com bonecas. Acho que até as roupas representavam uma limitação para ele, que não conhecia limites.


Houve até uma tentativa de censura para a nudez do Geraldão, que por um tempo apareceu com uma tarja preta sobre o pinto. Mas, mais sem noção que ele, é quem insinuou a censura. A vida real sempre supera a ficção mais louca.


Pois é, eu vou lamentar muito a perda desse universo louco e genial que o Glauco generosamente dividiu conosco. Meu dia só estava completo depois que lia a tira do Geraldão. Ainda bem que Angeli e Laerte continuam por aqui e sempre podemos recorrer à obra deixada por Glauco. Mais uma perda na contabilidade da gente do bem.


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